terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Luís Carlos

Eu nasci no glorioso ano de 1980. Infância feliz e isso tudo. Mas fui preparado para a grandiosidade. Vivíamos num período em que se acreditava tudo ser possível, e por alguma razão, que me escapa até hoje, as pessoas tendiam a considerar-me algo de especial. Não é falsa modéstia, eu não sou mesmo nada de especial. Sou do mais regularzinho que possa haver. É claro que durante muito tempo pensei ser especial, como toda a gente. As ilusões de grandeza, embora sejam coisa de esquizofrénicos, são bonitas e enquanto duram o mundo é bom e resulta. É isso. O mundo resulta quando estamos a sonhar acordados. Adiante, Aí pelo meio da adolescência apercebi-me que era não só feio mas também chato e pretensioso. Reunia as três qualidades do bobo de aldeia. O problema, de que me apercebi imediatamente, é que não conseguia mudar. Eu era assim. Tinha dificuldade em estar calado e ainda mais de falar quando não devia. Especialmente de coisas que interessam pouco. Mas tinha todo um país a ser governado por gajos mais idiotas do que eu e aí conheci a minha especialidade: Fazer o que quero e fazer as pessoas pensarem que querem fazer aquilo que eu quero que elas façam. A sério. Há pessoas no mundo que se recordam de coisas que não aconteceram porque eu lhes disse que eles estavam lá e viram e fizeram cenas nessa situação. Essa é a minha qualidade. Sou multitarefas dessa maneira.




O meu nome é Luís Carlos e não faço nada por natureza. Tenho um grupo de amigos mas a única coisa de que realmente gosto é de estar com a minha namorada, fumar ganzas e jogar computador. Tenho um qualquer problema psiquiátrico que me afastou dos humanos e me tornou um ser superior. Lembro-me de tudo e por norma sei tudo. Pelo menos o que interessa. Consigo convencer as pessoas do que quer que seja, consigo enganar em querendo toda a gente, e com público e ao vivo monto pequenos espectáculos humorísticos de levar às lágrimas. Essa é minha natureza. Divertir e educar os outros. No entanto, e fora palhaços que assustam, pôr isto para fora dá trabalho. As piadas e as teorias não surgem do nada.

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