sexta-feira, 15 de junho de 2012

O jogo com a Dinamarca

Primeiro, eu posso dar-me ao luxo de demorar a pôr a "análise" porque o mais importante, a parte da opinião sobre o jogo, já foi posta durante o mesmo.
A questão essencial é saber que Portugal é que foi ao Europeu. Se olharmos para o jogo em números Portugal só não dominou a posse de bola, cuja importância é relativa. As boas equipas são as que descansam e controlam o jogo sem ter a posse de bola. Não foi o caso. Este foi daqueles jogos em que os números ajudam pouco a perceber o que aconteceu.
Até aos 12 minutos Portugal jogou "nervoso". Dificuldade em sair, ninguém comia metros, havia pouca progressão com bola, e a Dinamarca aparecia mais. A partir daí a equipa assentou e começou a sair com bola controlada e a ganhar metros. Marcamos aos 25m, mais ou menos, e continuamos a dominar o jogo, a criar oportunidades, e aos 35m o Postiga marca o segundo. Nesta meia hora Portugal controlou o jogo, progrediu com bola nos pés, permitiu ao Pepe subir e aparecer em velocidade no meio campo a fazer cortes, e conseguimos meter diagonais, com e sem bola. Depois o jogo fica esquisito, perde-se intensidade na construção e recuamos linhas. E aqui, lamento, mas o Veloso tem de começar a acordar para a vida. Ele não pode ligar apenas quando tem bola. Eu ouvi o Dani dizer no fim do jogo que o Veloso esteve "muito bem no processo defensivo e nas compensações. É falso. Vir a correr para as alas (como já tinha feito com o Ozil contra a Alemanha) e encostar-se aos centrais não é o que o trinco deve fazer primeiro. Primeiro come o portador, o passe ou a zona, só depois é que se corre para trás ou para os lados. Pior. Não se pode, na mesma jogada e ao mesmo tempo comer o portador, o passe e a zona, como o Veloso tentou fazer nesta fase. O golo da Dinamarca não era propriamente esperado, é um passe longo feito perto da entrada da grande área, mais ou menos a meio descaído para a direita, metida ao poste mais distante, e o Patrício tem culpas. Acaba a primeira parte.
Entramos bem na segunda parte, o CRonaldo falha em frente ao guarda redes a equipa acredita, mas passados dez minutos estávamos a fazer passes laterais no meio campo e na defesa. Perdeu-se a intensidade de jogo e a Dinamarca começa a crescer. E continua a crescer, a controlar os nossos extremos, a ter algumas dificuldades com o Coentrão e o Oliveira, mas sempre a subir. Até que por volta dos 70m, sem que nada o faça prever, temos daqueles 5 minutos em que, sem razão aparente (efeito Oliveira?) os passes começam a sair e a cair nas alas, o Nani recupera num ressalto, o CRonaldo faz um sprint na diagonal da esquerda para a direita (com este gajo na esquerda esta devia ser a jogada tipo da selecção), recebe com espaço e tempo para olhar e posicionar-se, e falha redondamente. A equipa desanima toda. E passados dez minutos de sucessivas bolas rápidas no nosso meio campo, com pouca ajuda na esquerda, mamamos o segundo. Algo que estava à vista. Portador com tempo e espaço é desastre à espera de acontecer. A partir daqui sai o Meireles, entra o Varela e deixa de ser jogo para ser jogar à bola a ver se entra. Tivemos sorte. Raça e querer e coiso, mas essencialmente sorte.

R. Patrício - Culpas no golo. Sai a uma bola que não agarra nem cobre quem recebe. No segundo fez o que pôde. Tirando isso esteve bem.
 J. Pereira - Esteve bem, na linha do jogo com a Alemanha. Não arriscou, evitou expor-se ao risco, saiu com bola quando era seguro e essencialmente não está embirrento. Ocupou a zona e saiu quase sempre bem ao portador na linha.
B. Alves - Não apanhou o Bendtner, calhou mais ao Pepe. Quem lhe apareceu perdeu a bola e na antecipação nas bolas altas esteve impecável.
Pepe - Perdeu no segundo golo para o Bendtner. Mal posicionado em relação à bola e ao avançado. No resto do jogo esteve muito bem a defender, especialmente pelo modo como aparece a cortar bolas em velocidade e com vigor, a toda a largura da área e aí até aos 30 metros. Muito bem. E marcou o primeiro golo.
F. Coentrão - Na primeira parte a defender fez o jogo que quis, a atacar foi menos ofensivo do que contra a Alemanha, até porque havia mais gente a levar a bola para a frente. Teve muitas dificuldades na segunda parte porque ninguém apoiava nas subidas do lateral, quando a Dinamarca subia com (muito, demasiado) espaço. No segundo golo dinamarquês estava na área a acompanhar o interior que entrou.
Veloso - Dois jogadores. O trinco que jogou meia hora na primeira parte a controlar a zona e a deixar o Pepe aparecer a cortar bolas abrindo espaço para receber e progredir, e o médio que levou a equipa para a frente quando tinha a bola, em progressão e com passes a abrir e a apoiar durante os 90m, jogou muito bem. O trinco que jogou na outra hora de jogo não jogou nada.     
Meireles - Devia ter sido expulso. Jogou sempre bem, mas tem de assumir o remate de fora mais vezes e tem de correr mais com a bola. Fez o costume, mas é o tal problema, não pode acompanhar quem sobe pela ala e cobrir o portador, logo nem sempre consegue assegurar a recuperação como a equipa precisa.
Moutinho - Jogou bem. Acompanhou sempre os médios dinamarqueses que sobem pelo meio, mas sofre do problema do Meireles. Não pode cobrir o portador e os que acompanham na ala. Com bola, e à parte dos recorrentes passes laterais, esteve bem. Procurou a progressão, as aberturas para a linha e combinações na entrada da área.
Nani - Para mim o melhor em campo, porque não posso nomear o Pepe (o segundo golo dinamarquês não deixa). Foi igual durante todo o jogo, mesmo quando veio para o meio nos últimos 10m. Procurou sempre a progressão na linha, o 1-2, o espaço para o passe e as bolas rápidas diagonais. Ajudou muito na defesa e, entre muitas outras, meteu a bola para o golo do Postiga.
CRonaldo - Nem sempre ajudou a defesa como devia e fica marcado pelos falhanços, especialmente pelo segundo.
Postiga - Um jogo à Postiga. Entrou a cair nas alas, não resultou, começou a recuar a procurar bola. Falha 2 bolas, e marca num remate de primeira ao primeiro poste. Na segunda parte ajudou a isolar o CRonaldo para o falhanço número 1. Tentou ajudar sempre nas combinações e não jogou mal de costas e de perfil para a área.
N. Oliveira - É diferente. Às vezes parece um corpo estranho na equipa e logo a seguir, na mesma jogada, descobre o colega para combinar. Na, mais ou menos, meia hora que jogou, tentou combinações, remates de fora, passes a desmarcar e levou a bola para a linha a ver se segurava o resultado no finzinho. Não sei se resulta a titular. Só vendo.
Varela - Dez minutos, um golo, alguns sprints. Bom jogo.
Rolando - Não sei se tocou na bola.

Paulo Bento - Vale o que disse durante o jogo. Devia ter mexido mais e mais cedo na equipa. Na equipa, não só nos jogadores.

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