A Alemanha não é novidade para ninguém. É basicamente a equipa de 2010. Um 4-2-3-1 típico, que com bola ou em contra ataque se "transforma" em 4-3-3, com os alas a entrar, ou mesmo em 4-2-4 quando o médio ofensivo (Ozil em princípio) se encosta ao ponta de lança. No entanto é difícil apontar uma equipa-tipo. Por causa das lesões e experiências na defesa, porque não se sabe se joga o Kroos ou o Schweinsteiger, porque o Klose pode jogar. O que nos interessa é o jogo com Portugal. Segundo ouvi no rádio o Low está muito tentado a pôr o Lahm à esquerda, porque parece que o Boateng andou com actrizes pornô durante o estágio, e jogar com o Lars Bender à direita. Eu não conheço este Bender, conheço o de lata, mas pelo que tenho visto é um 8, ou box to box, ou médio de transição, ou qualquer outra idiotice que tenham ouvido na televisão dito por quem ainda não percebeu que os números dizem sempre o mesmo, basta olhar para a táctica. Rápido na recuperação e na progressão com bola, forte na recuperação, criterioso no passe e rematador. Parecido com o Witsel, vá. Mas só o vejo a jogar no meio campo, de frente para o jogo, a posicionar-se enquanto olha para trás e para a frente, e não para a frente e para o lado como deve fazer um lateral. Parece ser bom jogador (é internacional alemão) mas não sei como joga a lateral. O Paulo Bento deve saber. Adiante. Não sei é é jogo do Low mas acredito que joguem estes laterais. Quem serão os centrais? Os que mais jogaram na fase de qualificação foram o Badstuber e o Mertesacker. Mas contando também os amigáveis pós qualificação aparece muito o Hummels, que parece que vai jogar mais o Mertesacker. A seguir só há duas dúvidas, e só uma delas pode mudar o jogo da Alemanha. Eu aposto que joga o Neuer; Bender, Lahm, Hummels, Mertesacker; Khedira, Schweinsteiger, Ozil; Muller, Podolski, Mario Gomez/Klose (tacticamente, neste caso, iguais). A diferença pode vir se entra o Kroos em vez do Schweinsteiger. Não me parece, mas a acontecer muda um bocado o meio campo. O Kroos é mais ofensivo que o Schweinsteiger, progride mais vezes com a bola e é capaz de comer um bocado de espaço ao Ozil, não me cheira. Portanto, para o que interessa, a equipa é a que aí está, com ponta de lança à escolha do freguês. O que temos? A partir do Khedira é uma equipa fenomenal. Trinco forte e bom no passe, médios rápidos que sabem quando subir e quando rematar. Avançados que antes de tocarem na bola já sabem onde estão e onde está a baliza. O que pode fazer Portugal? Muito. Primeiro, isto não é jogo nem para o Veloso nem para o Almeida. São para riscar. Alguém tem de cobrir o espaço entre o Schweinsteiger e o Ozil. Eles sobem os dois ao mesmo tempo e têm 3 anos de selecção a jogar juntos. Ninguém os marca individualmente, que isto não é o Europeu de 1912, é preciso um jogador forte e rápido, duas características de que o Veloso não padece, a interceptar bolas e a recuperá-las no 1x1. Sem isto nada feito. A defender depende muito deste trinco (Pepe, espero eu) e do Meireles a pressionar. Portanto, até aqui temos (aquela que eu acho mais adequada): Rui Patrício; Ricardo Costa, Bruno Alves, Rolando, Coentrão; Pepe, R. Meireles, J. Moutinho; Quaresma, Nani, CRonaldo. Na realidade parece-me que vai ser: R. Patrício; J. Pereira, Pepe, B. Alves, Coentrão; Veloso, Meireles, Moutinho; Cronaldo, Nani, Almeida. Os 4 de trás têm de defender com calma, o que não é defender devagar. É não atacar o portador (ok J. Pereira?), é esperar pela bola no espaço para meter o pé, é subir ao mesmo tempo para fazer o fora de jogo. Para os centrais é ainda marcar o ponta de lança à vez e dobrar os laterais que sobem no auxílio à pressão feita por Meireles/Pepe (aqui é Veloso mas não consigo, por mais que tente, indiciar numa frase que o Veloso vai pressionar um adversário sem me sentir sujo). O Moutinho vai lá andar mas tem de defender na zona e não no portador, porque alguém no meio campo tem de estar a ver o jogo. Defensivamente é isto, calma, concentração e porrada se for preciso.
Muito importante, assim que se recupera a bola meter na frente. Logo. Recupera, joga no espaço, levanta a cabeça, e mete na frente. A Alemanha ataca a sério, e quando o Khedira ultrapassa o meio campo sem bola a equipa desposiciona (palavra inventada acho eu). É a maneira mais certa de fazer golo. Não quer dizer que resulte, e é aqui que entra a ausência do Almeida. Imaginem. Meireles recupera e passa ao Moutinho que tem 4 metros para receber e ver o jogo. Levanta a cabeça vê o colega com espaço na frente, que está a 30/35 metros da baliza, e tem 2 ou 3 metros para começar a correr/passar, e mete a bola. O colega é o Almeida. Imaginem a mesma coisa. Agora quem recebe à frente com espaço é o CRonaldo. É diferente. No primeiro caso imaginam alguém a chutar com os dois pés ao mesmo tempo no vazio enquanto um adversário, que teve de apanhar 2 autocarros e um táxi para lá chegar, recupera a bola. No segundo caso imaginam perigo (na realidade a ilusão de perigo, coisa só alcance dos grandes) quando a bola está a 30/35 metros da baliza. Se queremos passar a bola com segurança na frente o Almeida não joga. Mas neste jogo ainda deve jogar menos. O Mertesacker nunca fez chichi. E por isso os seus rins são feitos de pedra. Além disso teve lesões e fez uma época abaixo do razoável no Arsenal. Estamos a falar de alguém que não muda de velocidade, não roda, não tem "pique". É claro que para defender directamente o Almeida isto conta pouco. Agora apanhar o CRonaldo no 1x1, para o Mertesacker pode dar hemorragia interna. Temos de utilizar aquilo que é a nossa força contra aquilo que é a área menos forte da Alemanha: os centrais. O mais rápido parece que nem vai jogar. Mas qualquer homem estátua marca o Almeida enquanto ganha uns trocos.
Resumindo: para ganhar à Alemanha precisamos de ter sorte. Depois é preciso não desperdiçar. O não desperdiçar não é o marcar golo em todos os remates, é conseguir acabar as jogadas. É concluir, seja com golo, seja com cruzamento falhado, seja com o que for. É não parar a meio com passes para o nada e recepções defeituosas, é não perder tempo com fintas no meio campo, é dar 3 toques mesmo quando se podem dar 19. É "avançar para a frente", e não com passes laterais à Moutinho, é abusar de diagonais para fora no espaço entre centrais e o Bender, que com o Lahm a coisa pia mais fino, e diagonais para dentro, no mesmo espaço, na progressão com bola. É dizer ao Nani para chutar de longe e de sítios esquisitos, é deixar o Quaresma trivelar e inventar no último terço e mandar-lhe um sapo de loiça à tromba se inventa atrás (inventar atrás inclui não vir defender) Essencialmente é jogar para frente, não é ir para cima deles, é atacar, meter a bola com segurança no último terço e acelarar (a palavra pode estar mal escrita mas eu gosto mais assim).
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